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Professor da Graduação e Pós-Graduação do Centro Universitário Estácio do Ceará, mestre em Direito Constitucional e especialista em Direito do Trabalho. Membro do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito.

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sexta-feira, 11 de março de 2016

Ciência e política


Nesse momento de efervescência política inigualável, nós, como educadores, somos instados por alunos a manifestar nossa opinião política em sala de aula ou mesmo nos sentimos estimulados a fazê-la.
Porém, a questão que subjaz a este discurso é a discussão sobre a eticidade de tal comportamento. É uma conduta eticamente responsável veicular um discurso político-partidário em sala de aula, utilizando-se dela como palanque? Deveria o professor afastar-se do método e discurso científico para tomar posições partidárias que conduzam os seus pupilos a uma visão "A" ou "B"?
A verdadeira missão docente é a de ensinar o aluno a pensar cientificamente, não a de doutriná-lo. O filósofo alemão Max Weber, no clássico Ciência e Política, ao analisar a relação entre a moral docente, educação e o saber científico, concluiu que os jovens demandam da figura do professor um "líder", um "profeta", alguém que prometa um futuro feliz após a "revolução", quando suas "infalíveis ideias" ali professadas forem postas em prática. Todavia, esse tipo de conduta apenas conduz à construção de uma legião de fanáticos, de pessoas desprovidas de racionalidade crítica e voltadas ao dogmatismo. Max Weber parecia profetizar que sua nação iria se deixar levar pela ideologia de um "führer" que conduziria a Alemanha ao abismo da guerra e do Holocausto.
No famoso paradoxo da tolerância do filósofo austríaco Karl Popper, "a intolerância não poderia ser tolerada, pois se a tolerância permitir que a intolerância tenha sucesso completamente, a própria tolerância estaria ameaçada". Essa frase me soa muito atual quando escuto alguém, no sacrossanto ambiente universitário, bradar comentários pejorativos a político "A" ou "B". Por mais que nossas visões políticas sejam diversas, a sala de aula não é palco para intolerância à visões politicas adversárias. Como diria Weber mais uma vez, em sala de aula, nenhuma virtude excede a da probidade intelectual.
Obviamente que o professor e os alunos devem exercer a democracia e seu ideal republicano em instituições apropriadas, como associações políticas, sindicatos, partidos políticos, etc. Trazê-lo para a sala de aula é diminuir a academia, é desrespeitar o aluno ou o mestre.
“As profecias que caem das cátedras universitárias não têm outro resultado senão o de dar lugar a seitas de fanáticos e jamais produzem comunidades verdadeiras” (Max Weber, op.cit., p.51).

3 comentários:

Unknown disse...

Excelente, professor Helano! Suas sábias palavras e opiniões confirmam o óbvio: a honra de sermos seus alunos.

Unknown disse...

Parabéns professor excelente colocação.

Unknown disse...

Parabéns professor excelente colocação.