Caros amigos,
Recentemente, pedalando livre, leve e solto pela Av. Engenheiro Santana Júnior no cruzamento com a Avenida Antônio Sales às 19 h de um dia útil, senti profunda compaixão de motoristas aprisionados a suas "carroças metálicas", completamente impotentes diante do caos urbano que se tornou a mobilidade urbana na cidade de Fortaleza. Buzinas, palavrões, impaciência, o cenário é o pior e o mais estressante possível. São horas e horas em que não produzimos nada, não nos dedicamos a nossa família, igreja ou comunidade, horas de uma demonstração clara de como morar numa metrópole pode destruir a nossa qualidade de vida.
Afinal qual é a solução?
Construir viadutos não é solução definitiva, é solução paliativa, obsoleta e de curto prazo. Aliás, grandes centros urbanos que viam nos viadutos uma solução na década de 60 do século XX, estão hoje os implodindo por compreenderem que tais "gambiarras de concreto" são feios, atraem a criminalidade para a região e, além disso, não se prestam eficazmente a resolver o problema da mobilidade. Automóveis simplesmente tomam todos os espaços, de modo a se atingir o mesmo nível de engarrafamento de antes.
Uma verdadeira solução passa por uma mudança de paradigma, que deve reestruturar a cidade em torno do transporte público de qualidade e do estímulo a modais de transporte como a bicicleta. A PMF acerta quando prioriza os corredores de ônibus e aumenta a malha cicloviária, mas erra ao apostar nestas monstruosidades de concreto, principalmente quando haviam inúmeros projetos arquitetônicos e sustentáveis que poderiam ter sido implementados nesta área, os quais priorizavam a bicicleta, o pedestre e o transporte público ao mesmo tempo, ao invés do veículo automotor particular.
Abaixo se vê um gigante engarrafamento na área da Av. Engenheiro Santana Júnior com Av. Antônio Sales, em fotos batidas na data de hoje, dia 07 de novembro, pelo colega Emílio Moreno.
Então não tem jeito. Vamos aproveitar o recente aumento de nossa malha cicloviária e arregaçar as mangas. É mais fácil e prazeroso do que se imagina.
Ah... mas não dá pra pedalar numa cidade quente como Fortaleza, diria o primeiro "carrocrata". A meu ver, o nosso clima é o melhor do mundo, pois não temos uma amplitude térmica alta, tempo bom a maior parte do ano e o vento ainda ameniza o calor. Na verdade tudo é uma questão de cultura e vontade de mudar. Difícil é pedalar na Dinamarca, sob nevascas, com temperaturas de menos de 10 graus abaixo de zero e pista extremamente escorregadia pelo gelo. Lá temos mais bicicletas do que habitantes, mais de 400 km de ciclovias e mais de 50% da população a utiliza como meio de transporte, inclusive políticos influentes e cerca de 63% dos deputados.
Pense nisso e passe essa cultura às novas gerações! Só assim teremos uma cidade melhor!
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